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quarta-feira, 5 de março de 2014

Como saber o período certo de por os animais no aquário marinho?

… Chegou a hora dos prazeres! Vamos começar a introduzir os animais!

Mas... ATENÇÃO: O ambiente assim ciclado, sem flora outra que as bactérias e microalgas que se desenvolveram durante a ciclagem e sem fauna qualquer, SUPÕE-SE QUE SEJA LIVRE DE PARASITAS E PRAGAS e, portanto, devemos agir com calma nessa hora, para não estragá-lo! Se o aquarista não foi previdente, ou é iniciante, e não instalou, ainda durante a fase de ciclagem do aquário, uma QUARENTENA para os animais já previamente escolhidos, deve instalá-la agora; Nenhum animal, especialmente peixes, deve ser inserido no aquário sem ser previamente quarentenado! Mesmo os corais, antes de serem colocados no display, devem ser muito bem examinados à procura, pelo menos, dos parasitas macroscópicos (que podem ser vistos a olho nu ou pouco armado) e, também, sempre que possível, serem previamente tratados com “banhos de preparo”, antes da introdução, para aumentar o grau de certeza de que não carreguem pragas menos visíveis mas não menos perniciosas, que permanecerão depois no aquário. Também, e como já apontado no post anterior, a conclusão da “ciclagem” não significa que o aquário já está “estabilizado”; ainda faltam alguns meses para que isso aconteça e, até lá, a introdução de animais deverá ser feita aos poucos, de preferência com muito poucos ou um de cada vez e com os devidos cuidados.

Do já dito, a hora de introduzir os animais é uma hora de prazeres, mas também de perigos e, para aquaristas iniciantes ou menos experientes, deveria ser também o momento de, ainda mais uma vez, conter a pressa e a ansiedade e sentar à frente do seu aquário, ainda ciclando ou já ciclado, para pensar, cuidadosamente, no tipo de “BIOMA” que pretende ver implantado - O termo “BIOMA” foi criado pelo ecólogo norte-americano Frederic Clements e pretendia, originalmente, definir “uma comunidade de plantas e animais”, geralmente originários de uma mesma formação. Desde a sua criação o termo vem sofrendo mudanças, tanto na abrangência do conceito quanto nas definições. Aqui, será empregado para definir que “conjuntos” de animais, com ou sem “plantas”, poderemos escolher para estarem representados nos nossos aquários.

Essas “escolhas”, por parte do aquarista, estão muito longe de serem meros “exercícios de vontade”; Cada decisão, sobre cada animal ou vegetal que se pretenda colocar dentro de um aquário, deverá, no mínimo, estar precedida de um estudo de “COMPATIBILIDADE”, sob pena de esta decisão, de outra maneira tomada, poder ter como resultado um desastre! Em qualquer bioma natural, por exemplo, com muito raras exceções, estarão representados presas e predadores... Num aquário em que sejam inseridos “presas e predadores” a paz reinará somente até à hora do almoço e, as “presas”, ou ficarão confinadas em espaços e esconderijos aos quais o predador não tenha acesso, como num “REFÚGIO”, por exemplo, ou não terão qualquer chance.

Sobre REFÚGIOS, tê-los ou não, há muita controvérsia entre os aquaristas, mas o maior fator impeditivo é a falta de espaço. Tê-los, quando se tem espaço, é sempre uma opção interessante, não só pela sua contribuição ao equilíbrio do meio, ao atuarem como FILTRO BIOLÓGICO, como também pela possibilidade de ali estimular a reprodução de “pods” (anfípodes, copépodes...), e assim aumentar as nossas chances de podermos manter espécies mais difíceis, no quesito alimentação, por exemplo, tais como CAVALOS MARINHOS, “PIPE FISHES”, DRAGONETES, MANDARINS, algumas ESPONJAS, ALGAS e mesmo alguns animais “de substrato” ou “bentônicos” que, embora úteis na função de DETRITÍVOROS, pelo seu aspecto (vai do “gosto”), ou mesmo pela possibilidade de “ataque” a qualquer outro animal, num caso de “oportunidade” (alguns são predadores oportunistas), não seriam de presença aconselhável no display do aquário.

Quanto ao tipo, um refúgio pode ser CRÍPTICO, quando dedicado a seres não fotossintéticos, ou ILUMINADO, se dedicado a seres fotossintéticos, ou ainda MISTO, situação em que, ainda que iluminado, se garanta nesse mesmo refúgio ambientes e espaços tais como “cavernas amplas e escuras” e “substrato alto”, para acomodar seres que “não gostem” de luz, mas a tolerem, ou seres que não suportem a luz ou necessitem ambiente afótico para levarem a cabo o seu trabalho, tais como algumas bactérias anaeróbicas, estritas ou não, estas últimas ditas “facultativas”, importantes no processo de DESNITRIFICAÇÃO*, que necessitam AMBIENTES SEM LUZ E SEM OXIGÊNIO GASOSO, para que assim tenham que utilizar o oxigênio contido nas moléculas do NITRATO (formado na 1ª parte do CICLO DO NITROGÊNIO), para o seu metabolismo, tendo como produto final o NITROGÊNIO GASOSO que, à exceção de algumas CIANOBACTÉRIAS, não será mais “fixado” nem reprocessado no aquário, sendo então liberado para a atmosfera.

*GRADY Jr. & LIM (1980) mostraram que a redução do nitrato ocorre em etapas, conforme a seqüência abaixo:

Estados de oxidação do NITROGÊNIO: +5 ( NO3 - ) → +3 ( NO2 - ) → +2 ( NO ) → +1 ( N2O ) → 0 ( N2 ) . . . . . . .

As duas etapas iniciais são bastante conhecidas e estudadas. A primeira representa a redução de nitrato para nitrito mediada pela enzima nitrato redutase, a segunda é a redução do nitrito pela enzima nitrito redutase. Na verdade, a completa conversão de NO3 - a nitrogênio molecular se processa através de uma microbiota desnitrificante constituída de vários grupos de microrganismos.

No devido tempo, falaremos com mais detalhe a respeito da oxidação e redução do nitrogênio nos nossos aquários, O CICLO COMPLETO DO NITROGÊNIO, que é da maior importância.

Voltando à introdução de espécimes, existem ainda muitos fatores, além da relação presa-predador, a serem considerados.


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